18 abril 2006

A literatura em Portugal

A multiplicidade de livros é um grande mal. Não há limites para esta febre da escrita; toda a gente quer ser um autor; alguns por vaidade, para obterem fama e construírem um nome, outros pelo mero lucro.
Martinho Lutero



Fico abismado com a quantidade de novos autores portugueses que têm sido publicados recentemente. Autores, digo eu. Porque sou uma pessoa simpática. Em qualquer caso, a produção literária – literária, … digo eu – exponencial a que temos vindo a assistir nos últimos tempos é, com certeza, reflexo da nossa actual pujança cultural e artística.

Aliado a isso, o facto de haver, segundo alguns estudos, mais portugueses a ler livros – livros, já se sabe, sou eu que o digo… – e de alguns destes noveis escritores (escritores, optimismo meu) terem já no seu currículo um ou outro êxito de vendas, indicia que o nível de literacia dos portugueses aumentou a olhos vistos e que a sua apetência por cultura, ou mais especificamente, por literatura (literatura, exagero da minha responsabilidade) sofreu um acréscimo idêntico.

A sociedade portuguesa está finalmente a dar passos consolidados no bom sentido. Que bom que é ver os portugueses embrenharem-se em obras literárias!... (Continuo simpático). Quando tantos profetas da desgraça proclamam que esta geração está perdida, que bateu no fundo, que os jovens só se conseguem concentrar em frente a um computador jogando um shoot them all e que só consomem produtos culturais do género clips da MTV, eis que os portugueses respondem elevando os seus níveis culturais, deleitando-se com um bom naco de prosa (ou, quiçá, de poesia), dos muitos que ultimamente têm saído do prelo. Não contentes com isso, muitos deles (tantos deles!) contribuem activamente para o enriquecimento cultural da sociedade portuguesa publicando os seus próprios livros!

Isto é tanto mais extraordinário quanto alguns destes recentes autores são publicados, alguns com autênticos sucessos de vendas, sem terem, eles próprios, alguma vez lido um livro até ao fim! Ou seja, passou-se de uma geração que não lia livros para outra que continua a ler poucos livros, mas, em compensação, escreve-os!

E não, caros amigos, ter lido os destaques da edição resumida d’ Os Maias não conta.

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